Conferências UEM, X CONFERÊNCIA CIENTÍFICA 2018 "UEM fortalecendo a investigação e a extensão para o desenvolvimento"

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Entre colonização e heterogenia no espaço imperial português entre séculos XV e XVII
Martinho Pedro

Última alteração: 2018-08-16

Resumo


Os primeiros dois séculos da colonização portuguesa, que Lobato (1971) chamou de período de “expansão difusa”, marcaram um carácter que, se tivesse sido continuado, teria engendrado, segundo as evidências, um encontro inter-civilizacional menos conflituoso, em virtude de, durante esse período, os arcabouços societais terem sido mobilizados, por parte dos europeus, num quadro menos incongruente e os pontos de contacto terem sido feitos em função de múltiplas referências, contrariamente ao que aconteceu durante o período da “colonização concentrada” (id.) e, principalmente, aquando dos sistemas coloniais empreendidos com a modernidade europeia. Nesse quadro, a ideia central do artigo é de apresentar, com base numa arqueologia fenomenógica, que, quando o móbil fosse tratar a natureza dos dois grupos em contacto, o discurso dominante nesses primeiros dois séculos, quer no quadro das representações de populações nativas, quer no da integração / exclusão das populações nativas dentro das sociedades coloniais, dava um décalage pouco remarcável que, quando analisado no quadro temporal, propicia a presença de realidades “conciliadoras”, concorrentes e recorrentes capazes de produzirem uma epistemes do período, a ponto de colocar em questão realidades excludentes que ocorrem actualmente, quando o mundo propiciou uma grande comunicação intercultural.