Conferências UEM, X CONFERÊNCIA CIENTÍFICA 2018 "UEM fortalecendo a investigação e a extensão para o desenvolvimento"

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DE BOCA A OUVIDO: A ORALIDADE COMO UM VALOR CIVILIZATÓRIO AFRICANO NA LITERATURA DE AMADOU HAMPÂTÉ BÂ
Eumara Maciel dos Santos

Última alteração: 2018-08-16

Resumo


 

Nesta pesquisa, objetivou-se investigar as abordagens da tradição oral africana na obra literária de Amadou Hampâté Bâ. O autor maliano coletou, compilou e publicou em francês, língua oficial do Mali, muitas narrativas populares fulas e bambaras. Dessas narrativas emergem represtentações de culturas e história da região da África denominada Shael, ao passo que apresenta a oralidade como acionadora de cadeias de transmissão de ensinamentos milenares, através de falas proverbiais, contos, poesias, e engendra significados e orientações para a vida nessa epistemologia de muitas sociedades africanas. Nesse sentido, metodologicamente, foi analisada a produção literária de Amadou Hampâté Bâ, a saber, os seguintes livros: Petit Bodiel et autres contes de lasavane (1993), Kaidara, récit initiati que peul (1969), Amkoullel, l'enfant peul (1991) e Oui mon commandant! (1996). A partir deles, foi analisado o potencial desses registros literários como um cabedal de saberes que veiculam ensinamentos culturais e históricos africanos, através de uma lógica geracional. Portanto, como um valor civilizatório africano, a tradição oral foi observada em sua importância para a manutenção de práticas culturais em meio, também, às influências coloniais na dinâmica de tradições e rupturas. O que ficou de conclusão a partir dos resultados da pesquisa, foi a necessidade da chamada para a reflexão sobre as potencialidades de tal obra para estudos histórico-culturais da África nos contextos africanos e afro-diaspóricos, bem como para a necessidade de reinvenção de usos e sentidos da oralidade na atualidade e a possibilidade de utilização de novas formas de recolher e trazer a público tais narrativas orais para que não se percam no emaranhado da linha do tempo. Nesses termos, para esta análise, contou-se com as referências teóricas de Ana Mafalda Leite (1995), Joseph Ki-Zerbo (2010), Lourenço Rosário (1989), Ruth Finnegan (1970), Teresa Manjate (2000), entre outros.

Palavras-chave: Amadou Hampâté Bâ. Literaturas africanas. Oralidade africana. Valor civilizatório africano.