Conferências UEM, X CONFERÊNCIA CIENTÍFICA 2018 "UEM fortalecendo a investigação e a extensão para o desenvolvimento"

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DETERMINAÇÃO DA SUSCEPTIBILIDADE VECTORIAL E EFICÁCIA RESIDUAL DO PIRIMIPHOS-METHYL NO CONTROLO VECTORIAL, DISTRITO DE MAGUDE
Mara Francisco Maquina

Última alteração: 2018-08-16

Resumo


Introdução: Os insecticidas são a base dos programas de controlo e eliminação da malária. Mas a dependência excessiva dos mesmos, particularmente do Diclorodifeniltricloroetano e dos piretróides, resultou na pressão de surgimento genes de resistência no mosquito vector da malária. A monitoria da susceptibilidade dos vectores e a avaliação da actividade do insecticida são essenciais para tomar decisões apropriadas para o controlo do vector.

Objectivo: Determinar o estado de susceptibilidade dos vectores locais aos insecticidas e de monitorar da eficácia residual do Pirimifos-metil (Actellic 300CS) depois da pulverização durante doze meses no distrito de Magude onde actualmente decorre o projecto-piloto de eliminação da Malária.

Métodos: A susceptibilidade dos vectores Anopheles funestus s.l e An. gambiae s.l aos insecticidas, foi determinada através do teste padrão de tubos da Organização Mundial da Saúde, que consistiu na exposição do vector local à doses determinadas dos insecticidas comummente usados e obtenção da resposta 24 horas após a exposição em condições de laboratório. O efeito residual do Actellic foi determinado através do teste padrão de cones da Organização Mundial da Saúde que consistiu na exposição mensal de vectores susceptível às mesmas paredes em casas pulverizadas com Pirimifos-metil em Novembro de 2015 e obtenção da resposta 24 horas exposição.

Resultados: A taxa de mortalidade 24 horas pós exposição dos vectores An. funestus s.l e An. gambiae s.l aos testes com os seguintes insecticidas: deltametrina (0.05%) e bendiocarb (0.1%) foram de 69 % e 97 % respectivamente e com DDT 4% e Pirimifos-metil 0.75% foi de 100%. A eficácia residual do Actellic testada a partir de mosquitos susceptíveis do laboratório foi de 80% nas paredes das casas de maticada e 50% nas paredes das casas de cimento no sétimo mês pós pulverização.

Conclusão: A população de An. funestus e An. gambiae s.l de Magude são susceptíveis ao organoclorino (Diclorodifeniltricloroetano), organofosfato (Pirimifos-metil) e carbamato (bendiocarb). Contudo An. funestus sl são resistentes ao piretróides (deltamethrina) e carbamato (bendiocarb). Os seguintes achados servem de base para a escolha de insecticidas para o controlo vectorial. Embora o Pirimifos-metil mostre um efeito residual longo de 5-7 meses, deve-se racionalizar a sua utilização para evitar emergência e disseminação da resistência. Precisa-se também implementar estratégias de gestão da resistência vectorial, como rotações de insecticidas usados no controlo vectorial e intervenções não-químicas alternativas.

Palavras-chave: insecticida, eficácia, vectores, malária