Parece comum em muitas línguas tonais encontrarem-se grupos de palavras cuja sequência de consoantes e vogais é idêntica, distinguindo-se uma das outras apenas pela localização do tom. Em termos de definição, língua tonal é aquela cujo tom, tal como consoantes e vogais, entra na composição de pelo menos alguns morfemas (HYMAN 2007, 2009, 1975, YIP 2002, WELMERS 1974). Isto é, numa língua tonal, os morfemas são compostos por segmentos e tons. Línguas tonais podem conter morfemas sem tom, mas também podem conter morfemas compostos exclusivamente por tom. Para um falante nativo, a colocação do tom na unidade portadora de tom é muito crucial. Porém, em documentos impressos de muitas línguas tonais, sobretudo nas línguas bantu, o tom não é marcado, alegando que o contexto textual ajuda a distinguir o significado entre palavras idênticas (BIRD 1998). As questões que nos inspiraram para a realização deste trabalho são: a) numa língua tonal, o tom é diferente dos segmentos? b) porquê o tom é tratado de forma marginal na escrita?

O presente trabalho tem dois objectivos: a) demonstrar a importância do tom nas línguas tonais. Nesta perspectiva, o trabalho vai centrar-se apenas no tom gramatical, analisando a sua função nas categorias flexionais de verbos e as regras que determinam a atribuição do tom nas formas verbais; b) discutir problemas resultantes de omissão do tom na escrita.

O trabalho vai adoptar o método qualitativo, uma vez que o interesse é descrever a função do tom. A técnica para prossecução dos objectivos será a entrevista aberta, com recurso à intuição.

Espera-se que o trabalho contribua para mais estudos sobre o tom nesta e outras línguas bantu e para valorização do tom, sobretudo, na escrita.

Palavras-chaves: língua tonal, tom, morfema, língua bantu, unidade portador de tom