Conferências UEM, X CONFERÊNCIA CIENTÍFICA 2018 "UEM fortalecendo a investigação e a extensão para o desenvolvimento"

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FÍSTULAS OBSTÉTRICAS NO SUL DE MOÇAMBIQUE: EXPERIÊNCIAS E PERSPECTIVAS DAS MULHERES
H Boene, S Mocumbi, C Hanson, U Högberg, A Vala, P von Dadelszen, A Bergström, E Sevene, K Munguambe

Última alteração: 2018-08-13

Resumo


Introdução: Mais de 2 milhões de mulheres vivem com fístula não tratada. Apesar do recente aumento da atenção à saúde materna, a questao da incapacidade e do sofrimento das pacientes com fístula obstétrica continua sendo negligenciada na saúde global. Pesquisas adicionais são necessárias para obter uma compreensão mais profunda do impacto da fístula na vida das mulheres a fim de aumentar a conscientização entre profissionais de saúde e comunidades.

Objectivo: Descrever as experiências de cuidados de saúde e as consequências percebidas pelas mulheres que vivem com fístula obstétrica no sul de Moçambique.

Métodos: Trata-se de um estudo qualitativo. Foram feitas 28 entrevistas com mulheres que tiveram parto nos últimos 12 meses, com fístula e sem fístula. As entrevistas foram gravadas e transcritas antes da análise temática utilizando o NVivo11.

Resultados: As participantes fizeram pelo menos uma visita pré-natal, apesar dos atrasos na primeira consulta (20 a 28 semanas) e a maioria teve parto na unidade sanitária. A maioria atribuiu a causa da fístula ao parto prolongado. O cumprimento de seu papel social foi limitado pela incontinência de urina, dor, desconforto das feridas e fraqueza do corpo, o que reduziu sua capacidade de assumir responsabilidades domésticas. As mulheres com fístula referiram que evitavam funções e reuniões públicas devido a incontinência e ao cheiro de urina. A redução de ingestão de líquidos e o uso de tecidos foram as estratégias usadas para lidar com a incontinência para reduzir o estigma, a rejeição e o isolamento.

Conclusão: A fístula tem importantes consequências físicas, emocionais e sociais na vida das mulheres. Mulheres com fístulas fizeram mudanças radicais em suas vidas para lidar com os desafios dessa condição. Há uma necessidade de desenvolver programas de aconselhamento para mulheres, profissionais de saúde, famílias e membros da comunidade afectados pela fístula.

Palavras-chave: Fístula, experiência, Moçambique