O presente artigo procura analisar os impactos socioambientais resultantes da exploração do carvão mineral a céu aberto na vila de Moatize e escolhemos a mineradora brasileira Vale Moçambique como nosso objecto de pesquisa. A escolha desta mineradora explica-se pelo facto da sua área de concessão mineira estar localizada dentro do perímetro municipal de Moatize, sendo que todas as suas actividades tem um reflexo directo na vida das comunidades locais. As famílias afectadas directamente foram de seguida, deslocadas compulsivamente para outros lugares. Algumas foram reassentadas no bairro 25 de Setembro na própria vila de Moatize e outras na localidade de Cateme. Para que fosse possível a saída destas famílias, a Vale prometeu melhores condições de vida caso estas fossem para os locais de reassentamento. As condições de vida dos reassentados e, principalmente, as famílias que estão em Cateme não param de se deteriorar e o seu sentimento é de que “fomos enganados”. Além de terem perdido seus territórios, de caírem novamente na miséria e na fome, a desestruturação do tecido social, foi outro aspecto negativo da presença da Vale em Moatize. A presença da Vale em Moatize significou apenas a expansão e a reprodução das relações capitalistas de produção à escala global, cujos beneficiários são a Vale e alguma elite política e económica nacional. Várias vezes, as famílias afectadas e transferidas para outros lugares tem se revoltado contra a empresa, mas pelo facto desta, estar a beneficiar-se do apoio (quase) incondicional do Estado, os manifestantes têm sido violentados pelas forças policiais governamentais. O uso de explosivos (dinamites) na exploração de carvão mineral tem ocasionado graves problemas ambientais, na medida em que a fumaça junto da poeira que tem sido levantada, acabam afectando as populações locais. Muitas pessoas que vivem na vila de Moatize, dizem-se doentes e a principal patologia é tuberculose.