A partir da análise das obras A mulher moçambicana na luta de libertação nacional: memórias do Destacamento Feminino, produzida pela Organização da Mulher Moçambicana, e de Combater duas vezes: mulheres na luta armada em Angola, de Margarida Paredes, este trabalho tem como objetivo analisar, a partir da história colonial de Moçambique e Angola, o papel das mulheres moçambicanas e angolanas nas suas respectivas Lutas de Libertação, de modo a analisar as estratégias de gênero utilizadas por elas durante os conflitos e as suas consequências. A partir de uma leitura comparativa – tomando como parâmetro os papéis de gênero ocupados pelas mulheres militantes das ditaduras do Cone Sul, na América Latina –, analisamos as narrativas produzidas pelas mulheres combatentes do Destacamento Feminino criado pela FRELIMO, no caso de Moçambique, e as narrativas das mulheres que fizeram parte dos exércitos femininos do MPLA, UNITA e FNLA, no caso de Angola. A análise está centrada na percepção de como as novas funções designadas às mulheres, incluindo a militarização, contribuiu para que elas ocupassem novos lugares de gênero e re-negociassem, assim, sua participação na vida política e social dos seus países.

Palavras-chave: Luta de Libertação; mulheres combatentes; Angola; Moçambique.