Conferências UEM, X CONFERÊNCIA CIENTÍFICA 2018 "UEM fortalecendo a investigação e a extensão para o desenvolvimento"

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UM TEMPO SÓ PARA MIM: A REPRESENTAÇÃO DO TEMPO DA INFÂNCIA NOS ÁLBUNS ILUSTRADOS
Júlia Andrade

Última alteração: 2018-08-16

Resumo


O presente trabalho propõe-se a discutir a representação do tempo da infância nos álbuns ilustrados da editora portuguesa Planeta Tangerina, tanto em imagens quanto na componente textual e material dos títulos. A ideia de tempo é conceitualmente plural e multíplice, uma vez que pode ser apreendido de diferentes maneiras. Entendendo que a percepção temporal do universo adulto e do infantil encontra diferenças, torna-se pertinente compreender em que medida a noção de tempo é construída socialmente, além investigar melhor a temporalidade vivenciada na infância. O tempo é entendido como algo móvel, num processo contínuo de movimento. Uma vez que o álbum ilustrado é constituído pela interseção de imagens, palavras e suporte, em que as três linguagens funcionam em uníssono, elementos da materialidade (gramatura do papel, técnicas de ilustração, mancha gráfica) não podem passar despercebidos na leitura. Assim, para realizar o estudo proposto, será feita a análise de duas obras da referida editora, sendo elas Andar por aí (2009) e Depressa, devagar (2009). As obras foram interpretadas a nível de texto, imagem e materialidade a respeito dos mecanismos discursivos que evidenciam o singular entendimento da temporalidade pelas crianças, fazendo uso da quebra do tempo linear, ênfase no tempo psicológico, recursos metaficcionais e a conjugação de mais de uma noção de temporalidade na narrativa.

Dessa maneira, analisar a representação do tempo da infância no cruzamento de vetores narrativos no álbum ilustrado mostra-se válido para ampliar os estudos em relação ao tipo editorial. Como arcabouço teórico, o trabalho irá basear-se em estudos a respeito de tempo, ilustração, leitura de imagens, álbum ilustrado, design e materialidade da literatura, usando como principal aporte teórico Nunes (1995), Koselleck (2006), Deleuze (2005), Chartier (2002), Pelbart (2004), Ramos (2011, 2012,2015), Linden (2012, 2015) Belmiro (2012, 2015), Nikolajeva e Scott (2011), Sotto Mayor (2016).