A linguagem vive de vozes, mas também de silêncio. Embora as palavras sirvam um propósito, primeiro de revelar, elas podem ser uma máscara com que os falantes e ouvintes ocultam parcialmente o rosto da verdade. Esta mudez cúmplice é o ritual convencionalmente seguido na referência a experiências sensíveis ou delicadas, dado o impacto emocional que suscitam em quem sobre elas se pronuncia ou acerca delas ouve falar (ABRANTES, 2001). O medo da morte evoca as mesmas emoções para palavras relacionadas com ela e vem como um resultado de que as pessoas associam símbolos com as coisas que eles simbolizam. O nosso estudo procura identificar os recursos eufemísticos utilizados para referir-se a morte nos Obituários do Jornal Noticias no quadro da teoria de Polidez de Brown & Levinson. Além disso, dado a natureza penetrante da metáfora na referência a mortalidade humana, analisar a função das metáforas conceptuais no uso eufemístico. Ora, com base nos pressupostos teóricos segundo os quais membros de uma sociedade tentarão continuamente não só apresentar-se na melhor forma possível mas também evitando embaraçar o interlocutor com citações de não-mencionáveis ou tabus, concluímos que os falantes reforçam, protegem e mantém a face positiva recorrendo a metáforas, metonímias, circunlocuções, expressões genéricas. Adicionalmente, existe uma tendência de eufemizar a morte com metáforas conceptuais de origem religiosa. Para a materialização deste estudo foram recolhidos 20 obituários do jornal noticias. Os dados recolhidos serão analisados à luz da abordagem qualitativa, mais especificamente sob o prisma descritivo - explicativo.”

Palavras-chave: “Morte, Eufemismos; Polidez, Metáfora Conceptual"