Conferências UEM, X CONFERÊNCIA CIENTÍFICA 2018 "UEM fortalecendo a investigação e a extensão para o desenvolvimento"

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Agricultoras emergentes no centro de Moçambique: histórias de sucesso.
Aleia Rachide Agy

Última alteração: 2018-05-07

Resumo


Na África Austral, em geral, a mulher tem desempenhado um papel reconhecido como a principal produtora agrícola. Para além da sua enorme contribuição económica, as mulheres têm múltiplas responsabilidades familiares e sociais, frequentemente fazendo a gestão dos orçamentos do agregado familiar e assumindo a responsabilidade pela nutrição e bem-estar da familiar (SARDC, 2001:93).

Em Moçambique existe uma preocupação em garantir a igualdade de direitos e deveres entre homens e mulheres em todos os domínios da vida política, económica, social e cultural (Constituição da República elaborada em 1975, artigo 36). A protecção, a promoção e o empoderamento da mulher fazem parte de um leque de preocupações que o Governo de Moçambique apresenta como prioridades para o desenvolvimento económico e social do país (plano quinquenal do governo 2015-2019).

Em Moçambique a mulher rural tem um papel fundamental no que concerne ao desenvolvimento do meio rural, pois ela constitui a maioria, nas estatísticas, quando se fala sobre a sua participação no sector agrário. Apesar de as mulheres rurais realizarem muitas horas de trabalho na actividade agrícola, em termos de acesso e controle de bens, tecnologias, insumos e serviços necessários para o desempenho e facilitação dessas tarefas, estas mulheres aparecem desfavorecidas (Valá, 1997).

Nos últimos anos se assistiu à emergência de alguns médios e grandes produtores – com destaque para o corredor da Beira, alta Zambézia e Nampula (Smart e Hanlon, 2015) – a verdade é que, embora o número de médios produtores seja de 25.654, desconhece-se, em alguns casos, os principais factores da sua progressão e desenvolvimento dentro do sector agrário.

O Censo Agro- Pecuário - CAP 2009-2010 evidencia que na província de Manica e na província de Sofala, pequenas e médias explorações são chefiadas por mulheres. O último Inquérito ao Orçamento das Famílias (2014/5) demonstra que existe cada vez mais mulheres no sector agrário (78,7%), sendo que a província de Manica e Sofala apresentam percentagens de participação da mulher na actividade agrícola de 62,1% e 59,4% respectivamente.

É neste cenário, que importa realizar um conjunto de estudos de caso de localidades no centro do pais (nas províncias de Manica e Sofala), de forma á arrolar um conjunto de factores que caracterizam as agricultoras emergentes.

Para a prossecução dos objectivos serão realizadas 12 histórias de vida, em 6 distritos, (nomeadamente 2 em Sussundenga, 2 em Manica, 2 em Gondola, 2 em Búzi, 2 em Dondo e 2 em Nhamatanda), sobre as dinâmicas de vida das agricultoras emergentes, procurando responder aos indicadores de dimensões demográficas e politicas, bem como analisar os factores de produção que contribuíram para a sua emergência. Assume-se por hipótese que no corredor da Beira, fazem parte do grupo de agricultoras emergentes aquelas que superam dificuldades de ordem económica, politica e social e conseguem produzir e vender para o mercado.

Palavras-chave: mulheres, agricultura, emergente, região Centro, Moçambique.