Última alteração: 2018-08-08
Resumo
Introdução: As taxas de incidência e mortalidade do cancro do colo do útero em Moçambique estão entre as mais altas do mundo. Em resposta à urgência da introdução da vacina contra o vírus do papiloma humano, o país realizou um programa de demonstração, entre 2014-2015. Objectivo: Avaliar a conscientização em relação ao cancro do colo do útero e infecção por vírus do papiloma humano como parte da avaliação da viabilidade da introdução da vacina no país.
Materias e métodos: Um estudo qualitativo foi realizado em três distritos do país. Foram realizadas 27 discussões em grupos focais com membros da comunidade. A análise de conteúdo foi realizada para classificar as informações sobre doenças percebidas no útero, interpretação de sintomas do cancro do colo do útero, prevenção, tratamento e vacina contra o vírus do papiloma humano.
Resultados e discussão: O termo “cancro do colo do útero” foi mencionado apenas por líderes comunitários, agentes polivalentes elementares e mulheres em idade reprodutiva. Identificamos alguns termos locais equivalentes a cancro do colo do útero como: mudzoko/ mbombo e ku bola xibelekelo. Mesmo os participantes que não reconheciam o termo estavam familiarizados com os sintomas compatíveis, como: corrimento, hemorragias e dores na zona pélvica. A comunidade atribuiu esses problemas de saúde à várias causas, incluindo os hábitos alimentares e relações sexuais. Em relação a percepção da vacina, foram identificados diferentes conotações que podem constituir barreiras à não vacinação: desconfiança nos canais de comunicação, proibições religiosas, medo da vacina encorajar a actividade sexual e medo de efeitos colaterais.
Conclusão: Há necessidade de conscientizar e reforçar as informações sobre sinais, sintomas e prevenção conhecidos pela comunidade e relacionar com o cancro do colo do útero, e esclarecer sobre a natureza, propósito e benefícios da vacina.
Palavras-chaves: Percepções, Cancro do colo do útero, Vacina, Vírus do papiloma humano.