Conferências UEM, XII CONFERÊNCIA CIENTÍFICA DA UEM 2023: Investigação, Extensão e Inovação no Contexto das Mudanças Climáticas

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Política linguística em Moçambique: Um olhar sobre as Línguas e o Mercado de Trabalho
Manuel Felisberto Feliciano

Última alteração: 2023-08-01

Resumo


A língua, como instituição social serve como veículo de comunicação entre os membros de uma comunidade que se serve e partilha do mesmo código. Este valor primário da língua permite que o individuo se socialize nos primeiros momentos da sua vida como um ser que participa dos valores culturais, sociais, costumeiros e tradicionais. Além desta função primária, a língua serve também como um manancial do estatuto profissional, de privilégio ou prestígio social e económico. Circunscrita ao papel social, a língua veicula assuntos do dia-a-dia da comunidade, transmite valores sociais e costumes peculiares à sociedade que a utiliza. Em oposição a este valor primário da língua, o eu potencial económico encontra-se no seu papel como instrumento de inserção no mundo da economia, da administração e, sobretudo, no mercado de trabalho. Nesta perspetiva, a língua ganha uma outra função que a coloca ao serviço da economia nacional e internacional. O objectivo desta comunicação é reflectir sobre o espaço concedido às línguas nativas no mercado de trabalho em Moçambique, pois, o domínio da língua e proficiência não são suficientes e bastantes para motivar a sua aprendizagem, mas a sua utilidade sócio-profissional agrega-lhe mais-valia e conduz a uma procura pelo seu aperfeiçoamento. Neste trabalho, é apresentada uma análise feita a um conjunto de anúncios de vagas para postos de trabalho no Jornal Notícias[1]. A análise compreendeu os anúncios publicados nos meses de março a maio de 2015. Foram objetivos da análise perceber até que ponto o conhecimento de línguas moçambicanas, na sua modalidade escrita, tem sido objeto ou encontrado espaço nas exigências de proficiência linguística para o provimento de vagas no mercado de emprego, comparativamente as duas línguas ensinadas no currículo escolar- o português como língua segunda (PL2) e Inglês (LE). O estudo teve como enfoque três sectores que se destacam no mercado de trabalho em Moçambique: as empresas geridas pelo estado (Setor Público), instituições sem fins lucrativos, ou organismos não-governamentais (ONG) e o sector privado. Os resultados revelaram que as línguas dominantes são o português e o inglês nas instituições privadas. As línguas moçambicanas não constituem uma exigência para o preenchimentos das vagas, porém, quando são mencionadas, constam como “uma vantagem”.

 

Palavras-chave: Línguas moçambicanas. Mercado de trabalho. ONG. Sector Publico. Sector Privado