Conferências UEM, XII CONFERÊNCIA CIENTÍFICA DA UEM 2023: Investigação, Extensão e Inovação no Contexto das Mudanças Climáticas

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SENSIBILIDADE ANTIMICROBIANA DE MICROORGANISMOS ISOLADOS DE OBJECTOS HIGIENIZADOS CONTRA COVID-19 EM DUAS IES EM MAPUTO
Fátima Rui Raice, Arlindo Chaúque, Cristiano Joao Macuamule

Última alteração: 2023-08-04

Resumo


As bactérias têm capacidade de se propagar no ambiente, sendo o desenvolvimento da resistência a agentes químicos um processo evolutivo normal para sobrevivência destes microrganismos. Este estudo teve como objectivo, avaliar a sensibilidade antimicrobiana de bactérias isoladas de objectos e superfícies higienizados no âmbito da prevenção da COVID-19 em duas Instituições de Ensino Superior (IES) na Cidade de Maputo. Foram colhidas amostras em teclados de computadores de salas de informática para estudantes, superfícies de carteiras e corrimões de escadas interiores, antes e depois da higienização, por rolamento de zaragatoas estéreis nas superfícies a amostrar, e avaliada a sensibilidade dos microrganismos isolados a 10 antimicrobianos, através do método de disco difusão. Informações sobre os agentes e procedimentos de assepsia foram obtidas por observação e entrevistas semi-estruturadas aos técnicos responsáveis pelos sectores de limpeza. Os resultados mostram que os teclados, carteiras e corrimões apresentaram altos níveis de contaminação, antes da higienização, por Micrococcus spp (9%), Streptococcus spp (13%), Corynebacterium spp (6%), Escherichia coli (12%), Proteus spp (6%), Klebsiella spp (6%), Salmonella spp (6%), além de outros bacilos Gram positivos (15%) e Gram negativos (9%) e Staphylococcus spp (34%). Após a higienização observou-se considerável redução da carga bacteriana. No geral, 27,3% dos isolados bacterianos foram altamente resistentes a oxacilina e ceftadizime, 35,2% moderamente resistente a piperacilina, polimixina B e 38,5% totalmente sensíveis à novobicina, rimfapina, azitromicina e penicilina. Observou-se multirresistência (resistência a 3 ou mais classes diferentes de antimicrobianos) em enterobactérias. As práticas de higienização no âmbito do combate à COVID-19 devem ser incentivadas visto que reduzem os níveis de contaminação bacteriana. No entanto, cuidados específicos, incluindo rotação de desinfectantes, devem ser adoptados por forma a evitar que a pressão de selecção causada por determinados agentes químicos resulte no favorecimento da proliferação de microrganismos resistentes, com graves prejuízos à saúde da comunidade académica.