Estado Nutricional das Crianças Vítimas do Terrorismo em Cabo Delgado Reassentados em Metuge, II semestre 2022

RESUMO

O estado nutricional óptimo de uma criança é reflectido pela manutenção dos processos vitais de sobrevivência, crescimento, desenvolvimento e actividade. Qualquer desvio do estado nutricional resulta em distúrbios nutricionais referidos como malnutrição. Objectivo:Avaliar o estado nutricional das crianças de 06 a 59 meses do centro de reassentamento 25 de Junho em Metuge (Cabo Delgado). Metodologia: Tratou-se de um estudo descritivo transversal de abordagem quantitativa, a partir de uma amostragem probabilística aleatória simples, de 358 crianças menores de 5 anos de idade do Centro de reassentamento 25 de junho (Metuge). O instrumento de recolha de dados foi o questionário estruturado, e a técnica de recolha de dados foi a entrevista. A análise foi feita através do pacote SPSS versão 20, através de estatística descritiva e aplicação do teste de Qui-Quadrado com nível de significância de 5%. Resultados: dos 358 avaliados, 49,2% eram do sexo feminino e 50,8% do sexo masculino. Quanto à idade, 45,0% eram menores de 24 meses de idade. Na avaliação do estado nutricional, destaca-se que, 36,6% das crianças tiveram baixo peso grave para idade, 52,2% apresentaram estado nutricional normal pelo Perímetro Braquial, 45,3% estavam normal segundo indicador peso/comprimento, 62,1% estiveram normal pelo indicador comprimento/idade, 37,5% apresentaram algum grau de desnutrição aguda grave pelo indicador Peso/altura, e 42,1% de desnutrição cronica segundo o indicador Altura/idade. Em relação a frequência de refeições diárias 45% das crianças fazem pequeno-almoço e jantar. Quanto aos alimentos disponíveis não suprem as necessidades diárias. Houve associação significativa (p<0,05) entre o estado nutricional (peso/idade) e frequência das refeições diárias das crianças. Não houve associação significativa (p>0,05) entre o estado nutricional e frequência das refeições diárias das crianças nos indicadores (peso/comprimento), (comprimento/idade), (peso/altura), (altura/idade) e nível de escolaridade dos pais e/ou encarregados de educação em todos indicadores. Conclusão: O estado nutricional era precário isso deve se pelo facto de não ter uma alimentação equilibrada, com qualidade e quantidade suficiente, factores ligados a instabilidade pública, e o não ter apoio alimentar suficiente providos pelas organizações governamentais e não-governamentais  contribuíram  para esses resultados. Em relação a frequência de refeições diárias, a dieta era monótona, pobre em tudo, contudo estavam em insegurança alimentar. Houve uma relação positiva entre (peso para idade) e frequência de refeições diárias das crianças. Em relação ao teste estatístico de Qui-quadrado com nível de significação de 5%, houve associação entre o EN (peso/idade) e frequência de refeições diárias das crianças.