Introdução: A frequência, duração e intensidade dos eventos de calor extremo estão aumentando em todo o mundo, constituindo uma ameaça à saúde pública. Esses eventos têm sido amplamente subnotificados e pouco estudados em todo o continente africano. Consequentemente, a natureza dos perigos do calor extremo e seus impactos em toda a África permanecem desconhecidos.

Objectivo: Esta pesquisa tem como objectivo entender as ondas de calor e suas tendências no país e a percepção de risco nas províncias de Maputo e Cidade de Maputo.

Metodologia: Dados diários foram extraídos do CHIRTS para a detecção remota da temperatura. Foi utilizado o Fator de Calor Excessivo, e calculadas as tendências anuais usando testes não-paramétricos. Para a Cidade e província de Maputo foram calculadas médias das células de grade sobrepondo aos limites administrativos, e conduzidas entrevistas á informantes-chave (n=56) ao nível de unidades sanitárias selecionadas e comunidades adjacentes. As entrevistas foram devidamente codificadas e transcritas, usando a técnica de análise de conteúdos.

Resultados: Entre 1-3 ondas de calor anuais foram registradas, sendo maior o número de ondas de calor ocorrendo na região costeira e norte do país. O excesso médio de calor sentido foi mais alto no sul e centro em comparação com o norte (5º vs 0,3 °C). A queimadura, dor de cabeça e fadiga foram os principais sintomas percebidos pelos respondentes como associados ás ondas de calor, sendo estes mais frequentes em idosos, doentes crónicos e crianças. Para tal, este risco percebido poderá ser miminizado se tomadas medidas como o aumento de consumo de líquidos, uso de roupas leves e evitar actividades ao ar livre.

Conclusões: Os resultados podem ser usados para avaliações do impacto do calor excessivo na saúde e bem como o desenvolvimento de sistemas de alerta precoce para regiões com escassez de dados.

Palavras-chave: ondas de calor, risco, Moçambique