Actualmente, um número considerável de países em desenvolvimento inclui fotografias dos candidatos, nomes, cores e símbolos dos partidos (doravante designados pistas visuais ou heurísticas) nos boletins de voto, a fim de permitir que o processo da votação seja acessível a todos, principalmente aos cidadãos com baixos níveis de escolarização. Entretanto, embora os defensores das pistas visuais argumentem que estas encorajam a participação e reduzem os erros de votação, essas recomendações não consideram que elas possam afectar as preferências dos eleitores. Em Moçambique, a abrangente literatura empírica existente sobre o comportamento eleitoral concentra-se amplamente na identificação das condições que levam os eleitores a votarem da maneira que votam ou nas implicações do seu resultado. No entanto, apesar da evidente influência dos boletins de voto no comportamento eleitoral, é inexistente a literatura sobre a resposta dos eleitores aos mesmos no período da votação. A ser assim, neste estudo procurámos analisar os efeitos do design dos boletins de voto no comportamento eleitoral, tendo em consideração os pressupostos do modelo psicológico e, para satisfazer o objectivo proposto, o estudo baseou-se numa pesquisa qualitativa-quantitativa, tendo sido realizado um experimento no qual testava-se diferentes modelos de boletins de voto a fim de se aferir a sua influência no comportamento eleitoral. Em resposta a esse esforço, os resultados da pesquisa sugerem que o uso discriminado das pistas visuais nos boletins de voto em Moçambique teve um impacto significativo no resultado das últimas eleições, principalmente para os cidadãos menos escolarizados.

Palavras-chave: Doletins de voto; Votação; Design dos boletins; Comportamento eleitora