Autores: ESTÊVÃO MUCAVELE¹*; CRISTINA ENGUITA⁴; CHARFUDIN SACOOR¹; EDGAR JAMISSE¹; PAULO FILIMONE¹; ADÉRITO MAGUMANE¹; CLARA MENÉNDEZ^4,5; EUSÉBIO MACETE^1,2 e KHÁTIA MUNGUAMBE^1,3

Afiliação: 1Centro de Investigação em Saúde de Manhiça, Moçambique*; 2Direcção Nacional de Saúde Pública, Ministério de Saúde, Moçambique; 3Faculdade de Medicina da Universidade Eduardo Mondlane; 4Instituto de Barcelona para Saúde Global; 5Hospital Clínic-Universitat de Barcelona, Espanha.

Introdução: Em Moçambique aproximadamente 23% das mortes maternas são causadas por malária. A Organização Mundial da Saúde recomenda a administração do Tratamento Intermitente Preventivo com Sulfadoxina-Pirimetamina (TIP-SP) para a prevenção da malária na gravidez. O estudo tem objectivo de avaliar a aceitabilidade das mulheres grávidas e diferentes membros da comunidade antes da administração comunitária do TIP-SP pelos APEs em Murrupula e durante a intervenção em Meconta.

Métodos: O estudo foi de abordagem qualitativa com procedimentos etnográficos, realizado nos distritos de Murrupula e Meconta na província de Nampula, em agosto de 2019 a fevereiro de 2020. Foram realizadas 40 Entrevistas em Profundidade (EP), 14 Discussões em Grupos Focais (DGF), 21 observações directas e 14 conversas informais com mulheres grávidas e outros membros da comunidade, totalizando 154 participantes. As EP e DGF foram gravadas, transcritas e analisadas numa matriz sintetizada no microsoft excel juntamente com os relatórios das observações directas e conversas informais, de modo a estabelecer a triangulação de dados na análise.

Resultados: O estudo constatou que em Murrupula e Meconta os factores que podem contribuir para a aceitabilidade do TIP-SP comunitário são: percepção da susceptibilidade das gestantes à malária, vontade de prevenir os fetos da malária e preservar a sua saúde; envolvimento dos APEs, matronas, parteiras e curadeiras tradicionais, líderes comunitários, enfermeiras e figuras influentes do governo na intervenção (administração comunitário TIP-SP); o facto da SP ser administrado na comunidade; redução da quantidade dos fármacos para pelo menos 2 por dose e eliminação do “mau” cheiro; oferta de lanche às gestantes durante a administração comunitário TIP-SP; promoção da SP e da intervenção; formação da equipa de intervenção e difusão da informação. E podem constituir barreiras: rumores e crenças de que SP provoca aborto e faz ter parto cesariano porque proporciona bebés grandes; experiências e medo de reações adversos da SP, nomeadamente, vertigens, enjoos, fome e vómitos; conhecimento limitado sobre o TIP-SP e fraco poder das gestantes na tomada de decisões sobre a sua saúde a revelia dos maridos e ou mães e sogras.

Conclusão: O estudo demostrou alta aceitabilidade do TIP-SP para a Malária na gravidez no distrito de Murrupula e Meconta, porque apesar das barreiras existentes a maioria dos participantes concordaram que vão aceitar a intervenção porque querem prevenir a si e seus fectos da malária. Todavia, programas de comunicação local sobre o TIP-SP, esclarecimento dos efeitos adversos da SP e gestão de rumores, são necessários para minimizar as barreiras identificadas e maximizar a aceitação e aumento da cobertura do TIP-SP3.

Palavras-chave: Aceitabilidade; Administração; TIP; Sulfadoxina-Pirimetamina; APEs

Tipo de apresentação: orar