Conferências UEM, XI CONFERÊNCIA CIENTÍFICA 2020: Investigação, Extensão e Inovação para o Desenvolvimento Sustentável

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As áreas de conservação são insuficientes para preservar o habitat de espécies endémicas e quase-endémicas do miombo
Daniel Augusta Zacarias

Última alteração: 2021-08-04

Resumo


A influência humana tem gerado pressão sobre os recursos naturais. Deste modo, assiste-se a um consumo exacerbado das potencialidades naturais com implicações na funcionalidade dos ecossistemas e redução da habilidade de sobrevivência das espécies. O Miombo, maior ecoregião da região austral de África, apresenta elevadas taxas de exploração dos seus recursos decorrente da sobre-exploração madeireira, expansão dos assentamentos humanos e fogos recorrentes, que em associação com o fenómeno das mudanças climáticas impõe desafios à sobrevivência das espécies, principalmente as espécies endémicas ou com baixa capacidade de dispersão. Este estudo procura compreender os impactos, potenciais, das mudanças climáticas na distribuição das áreas adequadas para a sobrevivência de espécies faunísticas endémicas e quase-endémicas do Miombo (64 aves, 27 répteis, 11 anfíbios e 8 mamíferos), como forma de apoiar os processos de estabelecimentos de áreas de conservação. Os resultados não são encorajadores, dado que espécies poderão perder grande parte do seu habitat (Aves, 52 espécies: -86.37±20.6; Répteis, 22 espécies: -97.48±10.79; anfíbios: -39.84±35.80; mamíferos: -49.89÷41.73), tornando-as potencialmente inviáveis. Ademais, os resultados indicam que as áreas de conservação apenas protegem 10% do habitat actual das espécies, o que, considerando as chances de perda de habitat, exige um esforço para incremento de áreas protegidas no Miombo.