Estudos arqueológicos mostram que o Vale do Zambeze em Moçambique, foi desde o I milénio AD um local de contactos culturais estabelecidos primeiramente entre os residentes caçadores e recolectores e os povos falantes de línguas Bantu, seguidos dos Swahili, Asiáticos e Europeus. Contudo, a chegada de novos povos nesta região tem sido vista, genericamente, como uma colonização, por ser marcada de novas tecnologias, hábitos e costumes, que as sociedades locais cegamente adoptavam. Esta adopção tecnológica e de hábitos e costumes trazidos pelos povos exógenos tende a enfatizar a sua superioridade, deixando de lado a contribuição local.O objetivo desta comunicação é combinar os estudos arqueológicos com outras fontes de conhecimento de forma a mostrar que no Vale do Zambeze houve contactos culturais que geraram interacções culturais. É examinada cuidadosamente a terminologia usada, para a interpretação correcta destas interacções culturais e a complexidade dos contactos culturais que se estabeleceram.Primeiramente, é descrito o contexto arqueológico do Vale do Zambeze, das sociedades de caçadores e recolectores, na sua relação com a dispersão dos povos falantes de línguas Bantu.Como segundo aspecto, são caracterizados os Prazos do Vale do Zambeze, no contexto do Estado Africano de Mutapa e da presença Portuguesa, como modelo das interacções culturais que se desenvolveram, a partir dos finais do século XVI.Com base nas entrevistas semi-estruturadas conduzidas na cidade de Tete, presta-se uma atenção especial no modo de olhar para o património cultural. O pano de fundo desta comunicação é contribuir para uma mudança na maneira como se abordam os resultados destas interacções nas comunidades em seu redor, para a valorização e preservação do património cultural em Moçambique.

Palavras-chave: Arqueologia. Prazos. Vale do Zambeze. Interacções Culturais.