Por S.A. Quive e A. D. Machava

As Zonas Económicas Especiais (ZEEs) têm sido tomadas como instrumento de transformação socioeconómica, tendo em conta a contribuição na atracção do investimento directo estrangeiro, criação de emprego e promoção do crescimento económico inclusivo. Segundo Blomstrom, M. e Kekko, A. (1998) os países que criam as ZEEs registam aumentos significativos da oferta de emprego para população local, valorizando o capital humano. Contudo, Farole, T. e Sharp, M. (2017) defendem que o objectivo de criação de emprego para os locais pode não ser alcançado, pois as empresas das ZEEs utilizam tecnologias de ponta que exigem uma mão-de-obra qualificada e especializada. O presente trabalho analisa o contributo da ZEE de Nacala na criação de emprego para as comunidades locais, um dos objectivos assumidos no Decreto da sua criação. A investigação adoptou uma abordagem metodológica mista, combinando técnicas da pesquisa qual-quantitativa, com suporte em abordagens teóricas de pólos de crescimento e crescimento económico inclusivo. Os resultados do estudo revelam que, por um lado, a maioria dos postos de trabalho oferecidos pela ZEE de Nacala exigem uma mão-de-obra qualificada e especializada, bastante rara entre os membros das comunidades locais. Por outro lado, os locais não se beneficiam das dinâmicas de emprego indirecto por falta de capacidade, qualidade e organização em micro e pequenas empresas. A pesquisa concluiu que face a insignificante oferta de emprego para as comunidades locais deveria criar-se programas de formação técnico-profissional especializados e certificados para a promoção do capital humano e incentivar-se a criação de cooperativas, Micro, Pequenas e Médias Empresas como forma de participação activa e efectiva dos locais nas oportunidades resultantes da implantação da ZEE naquela região.

Palavras-chave: Zona Económica Especial, Emprego e Comunidades Locais.