Conferências UEM, XI CONFERÊNCIA CIENTÍFICA 2020: Investigação, Extensão e Inovação para o Desenvolvimento Sustentável

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REACTIVAÇÃO ECONÓMICA PÓS-REASSENTAMENTO EM MOÇAMBIQUE: O CASO DAS FAMÍLIAS DE MALANGA REASSENTADAS EM MOAMBA –TENGA
Belmira Litigia Mondlane

Última alteração: 2021-07-11

Resumo


Com a dinâmica do crescimento das cidades, urbanização e descoberta de recursos naturais em Moçambique, os reassentamentos populacionais tornaram-se mais frequentes. O objectivo deste artigo é analisar os modos de reactivação económica criados em áreas de reassentamentos, em particular das famílias de Malanga, afectadas pela construção da ponte Maputo-Katembe e reassentadas no distrito de Moamba-Tenga em 2016. A escolha da área de reassentamento de Tenga deve-se ao facto de ter-se verificado um número considerável de famílias que abandonaram o espaço. Para a realização da pesquisa recorreu-se ao método qualitativo, através da realização de uma pesquisa exploratória. Foram usadas as entrevistas semiestruturadas, a observação participante, por um período de 2 meses e a revisão bibliográfica.

Os resultados da pesquisa demonstram que na área de reassentamento (Moamba-Tenga) não foi implementado nenhum programa de reactivação económica. Com isso, as famílias reassentadas tiveram que adaptar-se a um novo estilo de vida sem acesso a bens e serviços básicos. Deste modo verificou-se uma espécie de aculturação, não apenas decorrente do meio rural mas também pela ausência de programas de reactivação económica. Registou-se uma quebra socioeconómica, e as mulheres são as que mais espelham essas mudanças. Em contacto com um espaço rural, tornaram-se camponesas em seus quintais ou em áreas ainda não ocupadas, abandonando as suas antigas actividades como empregadas domésticas ou vendedeiras (na sua maioria de xicalamidade e montinhos de tomate no mercado Malanga), na cidade capital. Socialmente as famílias também aculturam-se e enquadraram-se numa espécie de economia solidaria, onde estabelece-se uma rede de troca de bens e serviços. A falta de reactivação económica fez com que grande parte dos reassentados abandonasse os espaços atribuídos.

Palavras-chave: Reactivação económica, reassentamento, Tenga, aculturação, economia solidaria.