Conferências UEM, XI CONFERÊNCIA CIENTÍFICA 2020: Investigação, Extensão e Inovação para o Desenvolvimento Sustentável

Tamanho da fonte: 
PREVALÊNCIA DE INFECÇÃO POR Plasmodium falciparum EM MULHERES GRÁVIDAS DO SUL DE MOÇAMBIQUE
Gloria Graca Matambisso

Última alteração: 2021-07-04

Resumo


Introdução

O aumento dos efeitos nocivos relacionados com a malária, observado entre as mulheres grávidas moçambicanas, após um declínio drástico da malária durante a última década, sugerem que é necessário um monitoramento rigoroso da transmissão para identificar rapidamente reacções adversas, especialmente em áreas que embarcam na eliminação da malária.

O presente trabalho tem como objectivo, estudar a prevalência e o impacto clínico da infecção por Plasmodium falciparum (Pf) em mulheres grávidas nos distritos de Manhiça e Magude – Maputo.

 

Metodologia

Conduzimos um estudo observacional prospectivo durante 3 anos (2016-2019) em três unidades sanitárias com diferentes níveis de transmissão da malária, na província de Maputo (Hospital Distrital de Manhiça, Centro de Saúde de Ilha Josina e de Magude).

O recrutamento foi realizado nas primeiras visitas pré-natais (CPN) e no parto com colheita de amostras de sangue em papel de filtro. As amostras estão sendo analisadas pela técnica de reacção em cadeia de polimerase quantitativa (qPCR) em tempo real para avaliar a presença do parasita. Paralelamente, pesquisas transversais realizadas em maio de 2017-2019 estimaram a prevalência de infecção por Pf por teste de diagnóstico rápido (TDR) em uma amostra aleatória simples estratificada por idade na população dos distritos de Manhiça e Magude.

 

Resultados preliminares

Um total de 1423 mulheres foram recrutadas no centro de saúde Ilha Josina (816 na CPN e 607 no parto); 10419 no centro de saúde de Manhica (4835 na CPN e 5584 no parto) e 5794 no centro de saúde de Magude (3328 na CPN e 2466 no parto). Destas mulheres, em Manhica 26.7% eram primigrávidas e 73.3% multigrávidas, na Ilha Josina 26.4% eram primigrávidas e 73.6% multigrávidas e em Magude 26.8% eram primigrávidas e 72.2% multigrávidas. A prevalência de infecção por HIV nas mulheres grávidas foi de 32.1 % em Manhiça; 24.9 % em Ilha Josina e 26.9 % em Magude. Até agora, 11132 amostras foram analisadas por qPCR.

A prevalência de infecção Pf por área é de 5.07% (298/5876) em Manhiça; 3.87% (158/4081) em Magude e 20.42% (240/1175) em Ilha Josina. Na CPN, a prevalência de infecçõa por Pf (qPCR) é de 5.63% (154/2731) em Manhiça, 27.90% (190/681) em Ilha Josina e 4.65% (106/2279) em Magude. Houve uma correlação entre a prevalência de Pf por qPCR entre as gestantes atendidas na CPN e a prevalência de infecção por Pf por TDR em crianças de 2 a 10 anos, com Pearson r de 0,9994 (p = 0,0006).

Na CPN a prevalência da anemia materna (Hb < 11 g/dl) foi de 56,9% em Manhiça; 42,5% em Magude e 46,2% em Ilha Josina. No parto, a prevalência da anemia maternal foi de 60.7% em Manhiça; 38,4% em Magude e 21,9% em Ilha Josina.

Principais conclusões

Estes resultados preliminares sugerem uma forte correlação entre a prevalência de Pf detectada em crianças de 2 a 10 anos da comunidade e as mulheres grávidas.

Estamos completando as análises para avaliar qual é o impacto da infeccao por Pf na anemia maternal e peso da criança ao nascer.