Conferências UEM, XI CONFERÊNCIA CIENTÍFICA 2020: Investigação, Extensão e Inovação para o Desenvolvimento Sustentável

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Migração versus distração dos sujeitos territorializados em pequenas povoações: dilemas das comunidades rurais em Moçambique
Ernesto Jorge Macaringue

Última alteração: 2021-07-17

Resumo


Diz o ditado popular que perguntar não ofende. Entre os investimentos estrangeiros que teoricamente geram biliões de dólares e a coesão social dos povos, o que mais ao governo de Moçambique? Esta pergunta surge, em virtude dos desmantelamentos dos territórios rurais pelo capital, que no âmbito da sua agenda de ampliação, encontra facilidades proporcionadas pelo governo. Neste texto discutimos o fenômeno das migrações que ocorrem em Moçambique, em particular, o movimento pendular das pessoas do campo para lugares onde supostamente se julga haver facilidades para realização de vendas directas e indirectas. Nos dias que correm, a prática de venda de bens produzidos no seio dos agregados familiares ou não, cada vez mais, tende se configurar como uma fonte mais generalizada para obtenção de dinheiro. Os movimentos pendulares que são estimulados pelas políticas públicas, tomando como alguns exemplos, os investimentos que para sua viabilização exigem movimentação de comunidades inteiras são descritos aqui como primeiros passos de distração dos sujeitos de territorialização. As contribuições teóricas do conceito de alienação ainda não foram amplamente usadas para compreensão dos movimentos migratórios, tanto pendulares como as de abandono definitivo que tem sido uma das características mais comuns em comunidades rurais Moçambicanas. Assim neste estudo, analisa-se o fenómeno migratório que ocorre em áreas de interesse internacional. O nosso foco é dedicado à análise das novas formas de cooperação técnica entre os governos, que privilegiam a entrada de grandes capitais estrangeiros, tal como atestam os projetos de mineração estabelecidos em Tete, Niassa, Cabo Delgado, Nampula, como também, os projectos de exploração de hidrocarbonetos em Inhambane e Cabo Delgado, os programas de apoio à revitalização das áreas de conservação e os projetos de turismo que são estabelecidos em toda a costa moçambicana. Tendo em conta as críticas apontadas aos programas como o ProSAvana-JBM, que no lugar de se integrar nos tecidos socioeconómicos das comunidades, promovem apropriações dos lugares e dos bens naturais, constituindo-se desse modo forças de desmembramento das comunidades, como até das famílias.

Palavras-chaves: Migração; Alienação; Território e Economia de Mercado