Conferências UEM, XI CONFERÊNCIA CIENTÍFICA 2020: Investigação, Extensão e Inovação para o Desenvolvimento Sustentável

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O Papel na História da Construção da Nação: Um olhar à escrita e ensino de história na era digital
Mauro Armando Adelino Manhanguele, Mauro Manhanguele

Última alteração: 2021-07-16

Resumo


Moçambique se prepara para celebrar o jubileu da independência nacional mas o processo da construção da nação ainda enfrenta vários desafios. Desde os primeiros anos de independência, a FRELIMO definiu como prioridade a unidade nacional e a construção da nação. Vários segmentos da sociedade, entre eles historiadores, foram mobilizados para o efeito. Coube aos historiadores pioneiros como Carlos Serra, Gerhard Liesegang, David Hedges, Aurélio Rocha, Alexandrino José e Arlindo Chilundo narrar uma história nacional assente na exaltação dos males do colonialismo, dos feitos dos heróis da luta armada de libertação nacional e do projecto progressista da FRELIMO. As dificuldades de provisão de serviços básicos, a circulação de documentos históricos classificados nas redes sociais e a publicação de biografias de ‘reacionários’ da história oficial põem em causa o papel da história em unificar o povo num projecto nacional de construção da nação e promoção da justiça social. Partindo deste pressuposto, este artigo recorre à revisão de literatura e pesquisa de arquivo para estudar o contributo da história no projecto de construção da nação e promoção da justiça social na era digital. O artigo argumenta que as tecnologias de informação facilitam o acesso e circulação de informação antes inacessível aos historiadores e ao público em geral colocando em causa narrativas exclusivas e teleológicas da historiografia nacionalista. Perante este cenário, os historiadores são chamados a adoptar um novo paradigma de escrita e ensino de história de Moçambique e de África que reconhece os sucessos e erros cometidos ao longo do tempo. Tal paradigma, deve se ajustar à globalização e à massificação do acesso às tecnologias de informação para evitar a alienação da juventude e a trivialização das raízes históricos dos problemas enfrentados pelas nações africanas.

 

Palavras-Chave: Moçambique, história, nação, tecnologias de informação