As extensões verbais são morfemas derivacionais que se concatenam ao verbo, modificando-o do ponto de vista semântico, morfológico e sintáctico. Quanto à vertente sintáctica, após a afixação da extensão verbal, verifica-se uma alteração nas relações de transitividade, isto é, o número de argumentos internos do radical em causa pode alterar. Além disso, nota-se que a co-ocorrência das extensões verbais num mesmo radical é um processo produtivo, e que origina implicações no mapeamento sintáctico. É em torno disso que, no presente trabalho, se pretende analisar as implicações sintácticas resultantes da co-ocorrência das extensões causativa e passiva, em Xichangana. Para o efeito, guiamo-nos do seguinte problema: quais são as implicações sintácticas resultantes da co-ocorrência das extensões causativa e passiva em Xichangana?  Quanto à metodologia, foram usados dois métodos: (i) pesquisa bibliográfica e (ii) método introspectivo. O primeiro materializou-se através da obtenção de informação relevante em estudos feitos sobre a temática em causa. O segundo consistiu no recurso ao conhecimento linguístico que os investigadores possuem sobre a língua em estudo. Da análise feita, avançam-se as seguintes constatações: (i) após a afixação dos morfemas causativo e passivo, há uma alteração na estrutura morfológica da palavra formada (output); (ii) os morfemas causativo e passivo alteram o mapeamento sintáctico do verbo de base, pelo que o primeiro aumenta a valência, e o segundo reduz a valência do verbo; e (iii) quanto à ordem de co-ocorrência das extensões causativa e passiva, em Xichangana, verifica-se legitimidade na ordem CAUS-PASS e não PASS-CAUS, podendo, a última, gerar estruturas não aceitáveis pelos falantes da língua. Esta pesquisa surge pela necessidade de análise e descrição da gramática da língua Changana, que, como outras línguas bantu, carecem de estudos descritivos, que orientem seu uso e aprimoramento, sobretudo, no contexto académico.

Palavras-chave: Verbo, Radical, Extensões Verbais