Conferências UEM, XI CONFERÊNCIA CIENTÍFICA 2020: Investigação, Extensão e Inovação para o Desenvolvimento Sustentável

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A GUERRA, SECAS E CHEIAS COMO FATORES DE EMERGÊNCIA DAS ONGI´S EM MOÇAMBIQUE, 1983-2000.
Hamilton Ernesto Matsimbe

Última alteração: 2021-08-03

Resumo


A história sobre a transição de Moçambique pode ser dividida em três etapas: (i) a experiência socialista, (ii) o Ajustamento Estrutural e, (iii) o multipartidarismo. O primeiro inicia com a tomada de posse do governo de transição, em setembro de 1974 e vai até a realização do IV congresso da FRELIMO. Objectivamente termina com as primeiras negociações, em 1984, visando à abertura e transição para uma economia de mercado. Ainda que discutível, o processo de liberalização começa as decisões de IV Congresso da FRELIMO. Em 1984, o governo de Moçambique fechou as negociações assinando acordos de adesão as Instituições Financeiras Internacionais (IFI´s). A partir de 1987, com o Programa de Reabilitação Econômica (PRE), a economia nacional é dominada pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) e Banco Mundial. Este período, dominado pelas privatizações e pentração do capital ocidental faz ponte com o período do multipartidarismo que se seguiu ao Acordo Geral Paz (AGP) e o período de supervisão e vigência da Missão das Nações Unidas em Moçambique – ONUMOZ, entre 1992 e 1994. A economia, neste período, é dominada não somente pelas IFI´s, mas também pelos doadores bilaterais e ONG´s Internacionais no contexto da crise econômica agudizada pela guerra e calamidades naturais.

Este artigo resulta da análise bibliográfica realizada para compreender o impato da intervenção que as ONGI´s têm vindo a realizar em Moçambique, a partir de 1983. O objectivo é identificar, no período em alusão, os factores que explicam a proliferação de ONGI´s. Como argumento central, avança-se que as calamidades naturais (seca, ciclones e cheias), a guerra e o PRES foram factores determinantes para a proliferação de ONGI´s em Moçambique. Ainda que de forma preliminar, os resultados mostram que os problemas criados por estes fatores, combinados á balança de pagamento em crise permitiram que centenas de ONGI´s, não apenas atuassem na ajuda aos afetados, mas que também conduzissem uma série de programas de reabilitação e desenvolvimento, papel tradicionalmente do Estado.

Palavras chaves: Moçambique, ONGI´s, calamidades naturais, guerra.