Conferências UEM, XI CONFERÊNCIA CIENTÍFICA 2020: Investigação, Extensão e Inovação para o Desenvolvimento Sustentável

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RECONSTRUÇÃO PALEOAMBIENTAL DA JAZIDA ARQUEOLÓGICA DE TXINA-TXINA, MASISNGIR, DO PLEISTOCÉNICO SUPERIOR AO HOLOCÉNICO
Mussa Raja, João Cascalheira, Ana Gomes, Nuno Bicho

Última alteração: 2021-08-03

Resumo


Em Moçambique, até há pouco tempo, registava-se uma ausência de estudos relacionados à reconstrução paleoambiental do Pleistocénico Superior e Holocénico com enfoque na resiliência ambiental por humanos anatomicamente modernos baseada nos indicadores arqueológicos, geoquímicos e sedimentológicos, contrariamente ao que se verifica na África do Sul, Etiópia, Tanzânia e no Quénia, onde, cada vez mais, são intensa e extensivamente desvendadas evidências arqueológicas e de alterações paleoambientais associadas à evolução cultural dos seres humanos anatomicamente modernos. Diante disso, foi levado a cabo um estudo para preencher essa lacuna, com a seguinte pergunta de partida, como se explica a resiliência ambiental por parte dos humanos anatomicamente modernos que assentaram em Txina-Txina, Massingir, durante o Pleistocénico Superior e Holocénico? O estudo foi realizado com base nos métodos tradicionais de Arqueologia combinados com os de Geologia, precisamente consistiu no seguinte: recolha e análise de materiais arqueológicos (lítica e fauna) e de sedimentos; análise granulométrica e geoquímica de sedimentos; datação absoluta através de Carbono 14 e análise estatística multivariada. Os resultados dessas análises mostram que, o sítio possui depósitos fluviais em sua base, que foram cobertos principalmente por depósitos coluvionares, os quais são intercalados por alguns depósitos fluviais, que contêm horizontes arqueológicos datados desde ca. 32.000 anos. De acordo com essa cronologia correlacionada com dados arqueológicos, geoquímicos e granulométricos, concluiu-se que as camadas de cascalho foram depositadas em períodos húmidos antes de 29.000 e após 14.000 BP, durante o Período Húmido Africano (AHP). A distribuição espacial dos instrumentos líticos, em diferentes camadas arqueológicas, indica que, o sítio provavelmente foi ocupado tanto nos períodos quentes e húmidos quanto nos frios e secos, denunciando uma aparente resiliência e adaptação humana em ambientes adversos.

Palavras chaves: Paleoambientes; Pleistocénico; Holocénico; Humanos Modernos