Conferências UEM, XI CONFERÊNCIA CIENTÍFICA 2020: Investigação, Extensão e Inovação para o Desenvolvimento Sustentável

Tamanho da fonte: 
Efeito de Gradiente de Protecção Ambiental na Conservação da Diversidade de Avifauna na Região de Endemismo de Maputaland
Manuel José Manuel Bata Bata

Última alteração: 2021-08-04

Resumo


Efeito de Gradiente de Protecção Ambiental na Conservação da Diversidade de Avifauna na Região de Endemismo de Maputaland

Manuel, J. M. Bataa,Valério Macandzab

aDepartamento de Ciências Agropecuária, Universidade Pedagógica, Maputo, Moçambique

bFaculdade de Agronomia e Engenharia Florestal, Universidade Eduardo Mondlane, Maputo, Moçambique

mbata_@hotmail.com; Vmacandza2001@yahoo.com.br

RESUMO: A diferença do uso dos recursos naturais dentro e fora das áreas protegidas, resulta em gradientes de modificação da paisagem constituído por extremos menos perturbados, ricos em espécies e outros perturbados e pobres em espécies. Portanto, pouco se sabe sobre o alcance dos objectivos da Reserva Especial de Maputo na conservação da biodiversidade local e regional. Fez-se avaliação da diversidade de três grupos taxonómicos de aves (espécies, famílias e grupos funcionais), em três tipos de cobertura (pradaria, floresta fechada e aberta sempre verde), dentro e fora da reserva, usando a distribuição aleatória estratificada proporcional dos pontos de amostragem. A recolha de dados foi na época seca de 2016 e chuvosa de 2017, em 120 pontos de contagem e escuta. Registou-se 107 espécies, 44 famílias e 11 grupos funcionais de aves. Fez-se análise dos índices de Margalef, Shannon, Jaccard, Sorensen, abundância e a correlação linear. O estudo mostrou ocorrência de alta riqueza na pradaria ao nível de espécies (t = 2.3; p = 0.01), famílias (t = 3.3; p = 0.001) e diversidade de famílias (t=3.1; p =0.003). A similaridade e o aninhamento foi baixo (<0.3),  enquanto que a dessimilaridade (> 0.4 <0.7) ao nível de espécies foi alta, o que resultou na formação de subgrupos, perda e substituição de espécies fora e ganho dentro da reserva. Do estudo, conclui-se que as perturbações intermédias dentro da reserva, resultam no ganho, elevada riqueza e a diversidade de espécies. A elevada similaridade de grupos funcionais (> 0.5 <0.8) entre as duas áreas, resultou na manutenção da funcionalidade ecológica, demostrando a pertinência das áreas na periferia na complementaridade dos serviços ecológicos e a necessidade da sua manutenção e da melhoria do sistema de gestão dos recursos naturais e do uso de terra fora da reserva.

 

Palavras-chave: Riqueza, diversidade, similaridade, comunidades de aves, gradiente da paisagem.

 

 

 

Efeito de Gradiente de Protecção Ambiental na Conservação da Diversidade de Avifauna na Região de Endemismo de Maputaland

 

Manuel, J. M. Bataa,Valério Macandzab

aDepartamento de Ciências Agropecuária, Universidade Pedagógica, Maputo, Moçambique

bFaculdade de Agronomia e Engenharia Florestal, Universidade Eduardo Mondlane, Maputo, Moçambique

mbata_@hotmail.com; Vmacandza2001@yahoo.com.br

The Maputo Special Reserve is part of the Maputaland region, one of the main endemism centers. Its threats are the antropogenic disturbances caused by multiple uses of the natural resource in its periphery. From the inside to outside, there is a protective gradient with huge potential effect on the dynamics of biodiversity. However, there are few studies that report the effect of multiple uses of natural resources on the bird composition. The study aims to contribute to the systematic survey of avifauna, evaluating the alpha and beta diversity of species, functional groups and families of birds in three main types of vegetation inside and outside the reserve. Data collection was performed in the dry season of 2016 and rainy season of 2017. The distribution of sampling points in vegetation types was proportional stratified random and the method of data collection was point counting and point sound. The rates of Margalef, Shannon, Jaccard, Sorensen and abundance of species, families and functional groups of birds were calculated and compared in the three types of vegetation inside and outside and linear correlaction between the richness and diversity of the flora and fauna. The sampling effort was 120 point count and point sound and we observed 107 species, 44 families and 11 functional groups of birds. The richness was high inside the reserve in the grassland, closed and open forest for species, functional groups and families than outside the reserve. The diversity was high in the grassland for familes inside than outside of the reserve. The bird community similarity between inside and outside was low, resulting in the formation of subgroups and substitution of species in the three types of vegetation. For functional groups and families, similarity was high, low nestedness and low turnover. The abundance of species was high in the three types of vegetation inside than outside. The study concludes that intermediate disturbances inside of the reserve result in high species richness and diversity. From the inside to outside there is high loss and substitution of species. At the level of families and functional groups there is less loss and replacement, resulting in maintenance of ecological functionality.

 

 

Keywords: Richness, diversity, similarity, bird communities, landscape gradient.

 

 


INTRODUÇÃO

 

 


As áreas protegidas (APs), são essenciais na preservação da biodiversidade. Todavia, a sua integridade é constantemente ameaçada por acções antropogénicas (Barlow et al., 2007). Em Moçambique, as pressões às APs são influenciadas pela dependência de cerca de 80% da população pelos recursos naturais e agricultura itinerante (MITADER, 2015). As actividades de subsistência da população são responsáveis pela perda anual de cerca de 220. 000 hectares de florestas, correspondente a cerca de 0,58% da taxa anual de desmatamento (Marzoli, 2007). A Reserva Especial de Maputo (REM); é importante na preservação da biodiversidade local e regional, por localizar-se na região biogeográfica de Maputaland-Pondoland-Albany, um dos principais centros de endemismo do país (DNAC, 2009; CEPF, 2011). Foi estabelecida em 1932 para a protecção de elefantes (Loxodonta africana) (Ntumi et al., 2005), redimensionada em 1990 e seus objectivos expandidos para incluir a conservação de ecossistemas, habitats e diversidade de espécies desta região biogeográfica (DNAC, 2009). CEPF (2011) reportou que nesta região ocorrem 631 espécies de aves, incluindo 14 espécies endémicas e 25 globalmente ameaçadas. No interior da REM, DNAC (2009) indica a ocorrência de 472 espécies de aves, das quais três são endémicas. A distribuição de espécies de aves na paisagem é influenciada pela intensidade dos distúrbios, degradação da estrutura da vegetação, disponibilidade de recursos, condições do microclima e interacções interespecíficas (Petren, 2001; MacArthur e Wilson, 2011). Chuma (1999) e Wilson et al. (2007) reportaram que os elefantes e as queimadas, são responsáveis por perturbações intermédias dentro da reserva. Por outro lado, de Boer e Baquete (1998) e Jacobs et al. (2010) reportaram a ocorrência de modificações na estrutura e composição da vegetação fora da reserva devido a múltiplos usos dos recursos biológicos para a subsistência e geração de renda pela população humana residente ao redor desta área de conservação.

 

Casimiro (2009) sugere que estas diferenças de uso de terra, resultam em alta heterogeneidade e biodiversidade nativa dentro e menor fora da reserva. Notavelmente há um gradiente de protecção ambiental na paisagem de dentro para fora com implicações na diversidade e integridade dos habitats e comunidades bióticas. Contudo, os efeitos deste gradiente na conservação da biodiversidade regional ainda não foram documentados, apesar da sua relevância para orientar a tomada de decisões de protecção e utilização sustentável dos recursos biológicos ao nível da paisagem regional. Neste artigo, avaliamos o efeito desse gradiente na biodiversidade composicional e funcional das comunidades de aves, testando as seguintes hipóteses: (1) a riqueza de espécies, famílias e grupos funcionais de aves, são maiores dentro que fora da reserva; (2) as comunidades de aves de fora da reserva são compostas por sub-grupos de espécies que compõem as comunidades do interior (aninhamento) devido a extinção local causada pela degradação da qualidade dos habitats; (3) no interior da reserva, predominam espécies de aves especialistas devido a elevada heterogeneidade dos habitats, enquanto fora há predominância de espécies generalistas devido a homogeneização dos habitats pelas actividades humanas; (4) a abundância de aves é maior fora que dentro da reserva, devido a presença de campos agrícolas, que favorecem a atracção de aves, principalmente das espécies generalistas, tolerantes às perturbações e por serem pouco selectivas ao tipo de vegetação.

 

ÁREA DE ESTUDO

A REM tem uma área de 1040 km2 no centro de endemismo de Maputaland-Pondoland-Albany, província de Maputo, sul de Moçambique (26º25’S, 34º45’E; Fig.1),

 


 

Fig.1. Localização da Reserva Especial de Maputo em Moçambique, cursos de água existentes e localidades distribuídas nos seus arredores


O clima tem duas estações, uma quente e chuvosa que se estende de Outubro a Março, com temperaturas que variam entre 26º e 30ºC e uma estacão fria e seca de Abril a Setembro, com temperaturas que variam entre 14ºC e os 26ºC. A precipitação média anual varia de 690-1000 mm (de Boer et al., 2000; Ntumi et al., 2005). de Boer et al. (2000); Ntumi et al. (2005) e Marzoli (2007) indicam a ocorrência de seis tipos de vegetação, consoante a sua estrutura: Floresta fechada sempre verde, floresta aberta sempre verde, vegetação herbácea regularmente inundada, pradaria, mangal denso e matagal. CEPF (2011) reportou a existência de 8.100 espécies de plantas, das quis 1.900 são endémicas, 631 espécies de aves, incluindo 14 espécies endémicas e 25 globalmente ameaçadas na região de Maputaland-Pondoland-Albany.

 

MATERIAS E MÉTODOS

Foi usado o mapa de cobertura de terra de Marzoli (2007) no Software ArcMap-GIS versão 10.2.1 para seleccionar os três tipos de vegetação mais extensos que ocorrem dentro da área protegida e na zona do uso múltiplo de recursos fora da reserva, nomeadamente: pradaria, floresta fechada sempre verde e floresta aberta sempre verde, representando habitats da avifauna. Fora da área protegida, a extensão abrangida pela amostragem foi até 10 km do limite da reserva. Com recurso ao aplicativo Hawths Analysis Tools versão 3.27 no Software de sistema de Informação geográfica, ArcMap-GIS 10.2, fez-se a distribuição aleatória estratificada de 120 pontos de amostragem proporcionalmente à extensão de cada tipo de cobertura vegetal.

 

Os dados foram colhidos na época seca (Outubro de 2016) e chuvosa (Março de 2017), por forma a incorporar o efeito das variações sazonais na ocorrência, abundância e distribuição de espécies de aves (Came et al., 2000). A amostragem foi feita através da observação directa em pontos de contagem e a identificação de cantos a partir de pontos de escuta (Ralph et al., 1995; Hamel et al., 1996). A amostragem foi feita em 60 pontos dentro e 60 pontos fora da reserva, sendo 27 na pradaria, 18 na floresta fechada sempre verde e 15 na floresta aberta sempre verde. A recolha dos dados foi feita das 5:30 às 10:30 e das 14:30 às 17:30, período do dia com intensos movimentos de aves à procura de alimentos (Raman, 2003). Durante 10 minutos, fazia-se a observação, identificação da espécie e contagem do número de indivíduos dentro e fora de um raio de 25 m. Para a identificação de espécies de aves com base no som, este foi gravado no campo e posteriormente usado o Software Sound Analysis Pro (SAP) 2011, versão 2011.104 para a identificação dos sons. A classificação taxonómica e de grupos funcionais de aves foram feitas seguindo Sinclair et al. (1997).

 


ANÁLISE DE DADOS

As espécies identificadas foram agrupadas de acordo com o tipo de habitat e posteriormente classificadas em grupos funcionais e famílias. A classificação dos grupos funcionais foi feita de acordo com as características alimentares, tendo sido identificadas aves frugívoras, nectívoras, carnívoras, insectívoras, omnívoras e granívoras (Sinclair, 1997). A riqueza de espécies, grupos funcionais e famílias de aves entre os tipos de vegetação dentro e fora da reserva foi estimada pelo índice de Margalef, com base na fórmula (1) (Gomes e Ferreira, 2004), onde S-1: é o número de espécies amostradas, N - número total de indivíduos em todas as espécies e Log N- logaritmo do número total dos indivíduos de todas as espécies.



A diversidade alfa foi estimada pelo índice de Shannon-Wiener (H’), segundo as fórmulas 2 e 3, respectivamente (Gomide et al., 2006), onde HS, representa a diversidade de espécies, Pi, a frequência ou proporção de indivíduos de uma espécie em relação ao total de indivíduos da amostra, ni, o número de indivíduos da espécie i e N - número total de indivíduos na amostra. A dispersão de espécies foi determinada através da fórmula (4) de equitabilidade de Pielou (J’), onde EH: dispersão ou equitabilidade, HS: diversidade de espécies, H máximo: é a diversidade máxima possível que pode ser observada se todas as espécies apresentarem igual abundância, S: Número total de espécies

 

(2)                                  (3)            (4)

 

A diversidade beta foi determinada pela fórmula (5) de similaridade do índice de Jaccard (Baselga et al., 2015), onde o CJ - representa o Coeficiente de Jaccard, S1 – indica o número de espécies, famílias e grupos funcionais únicos dentro e S2 fora da reserva e S0 – indica o número de espécies comuns dentro e fora da reserva. A sua análise foi feita através de dendograma de similaridade no software MVSP (Multi-Variate Statistical Package), versão 3.2 a 95%.


 

O cálculo do aninhamento e da substituição de espécies, grupos funcionais e famílias de aves entre dentro e fora da reserva para cada um dos três tipos de vegetação, foi feito através da equação (6) do índice de dissimilaridade de Sorensen (Índice de Sorensen = Índice de aninhamento + Índice de dissimilaridade de Simpson) (Baselga e Orme, 2012), βsor - representa a dissimilaridade de Sorensen, βsim - dissimilaridade de Simpson (igual a componente turnover de dissimilaridade de Sorensen), βsne - aninhamento de dissimilaridade de Sorensen, a - número de espécies partilhadas entre os dois locais ou comunidades, b - número de espécies únicas no local com menor riqueza de espécies, grupos funcionais e famílias, c - número de espécies, grupos funcionais e famílias únicas do local ou comunidade mais rica em espécies, grupos funcionais e famílias. Valores próximo de 1, indicam ocorrência de substituição e próximo de 0, indicam baixa substituição.

 


 

O cálculo da abundância de espécies, foi feita usando a fórmula (7) (Gomes e Ferreira, 2004; Sutherland, (2006), onde D - densidade das aves (aves/ha), r - raio de observação das aves (25 metros), n1 - número de aves identificadas dentro do raio de 25 metros, n2 - número de aves identificadas fora do raio dos 25 metros, m - número de pontos de contagem de cada tipo de habitat, log - Logaritmo natural ou de base 10, correspondente a 2.7182817.

 


 

A comparação dos índices de Margalef, do aninhamento, substituição de espécies, grupos funcionais, famílias e da abundância de espécies de aves entre os três tipos de vegetação dentro e fora da reserva, foi aplicado o algoritmo de médias ponderadas por grupo (UPGM) e o test t, a 95% e no PAleontological STatistics (PAST) versão 2.16. Para a abundância, foi aplicado o teste de Tukey a 95% no pacote estatístico SISVAR, versão 5.1.

RESULTADOS

Riqueza e diversidade de comunidade de aves dentro e fora da reserva



No habitat pradaria, a riqueza reduz significativamente de dentro para fora da reserva ao nível de espécies: (t = 2,3; Gl = 26; CV = 0.3; p < 0.05) e famílias (t = 3,3; Gl = 26; CV = 0.6; p < 0.05) Neste habitat, a diversidade de família também foi significativamente mais alta dentro que fora da reserva (t = 3.10; Gl = 26; CV = 0.01; p< 0.05). Não foram identificadas diferenças significativas na riqueza e diversidade de grupos funcionais entre e fora da reserva em nenhum dos habitats avaliados (Tabela 1).

 


Tabela 1: Índices de riqueza e diversidade de comunidade de aves por tipo de habitat dentro e fora da REM, a 95% e a significância indicada pelas letras a e b.

Tipo de

habitat

 

Índice de Margalef

 

 

Índice de Shannon (H')

 

Espécie

G. funcionais

Família

Espécies

G. funcionais

Famílias

Pradaria1

10.4 a

2.0

8.3 a

3.01

1.75

3.39 a

Pradaria2

5.6 b

1.9

5.5 b

2.96

1.58

2.86 b

FFV1

3.3

1.4

4.2

2.99

1.48

2.44

FFSV2

2.4

1.3

4.0

2.83

1.33

2.39

FASV1

5.2

1.5

5.5

2.61

1.53

2.88

FASV2

5.2

1.7

5.2

2.6

1.29

2.77

Legenda: FFSV – floresta fechada sempre verde. FASV – floresta aberta sempre verde, 1-dentro e 2-fora da reserva


Similaridade, aninhamento e dissimilaridade de comunidade de aves dentro e fora da reserva

Ao nível de espécies, ao sair de dentro para fora da reserva, verificou-se baixa similaridade (Figura 1), baixo aninhamento, perda com a substituição (dessimilaridade) de espécies (Tabela. 2) na pradaria. Dentre estas, as espécies que ocorreram unicamente dentro da reserva foram Circus macrourus, Circaetus cinerus e Poicephalus rupelli, Dendrocygma viduata, Poicephalus robustus, Centropus capreicaudus e Corvus albus que ocorreu unicamente fora da reserva. Na FFSV e FASV (Tabela. 2), também verificou-se baixa similaridade, menor proporção do aninhamento (<0.25), perda sem substituição de espécies, resultando na formação de subgrupos de aves fora da reserva.

Ao nível de grupos funcionais (Fig. 2) e famílias (Fig. 3), ao sair de dentro para fora da reserva, verificou-se elevada similaridade, elevada proporção do aninhamento (>0.5<0.8), elevada partilha de grupos funcionais tais como insectívoras, granívoras e omnívoras e de famílias, nomeadamente Muscicapidae, Zosteropidae, Scopidae, Thhreskerothidae, Anitidae, Cuculididae. Apesar disso, lguns grupos funcionais foram observados unicamente dentro da reserva, das quais se destacam aves carnívoras e nectívoras e famílias como Anitidae, Psitidae, Coracitidae, Upatidae e Miscicapitidae.

 

UPGMA

 

Coeficiente de Jaccard

 

UPGMA

 

 

 

 

 

 

 

Prad 1

 

Prad 2

 

FASV 1

 

FASV 2

 

FFSV 1

 

FFSV 2

 

0.04

 

0.2

 

0.52

 

0.68

 

0.84

 

1

 

Figura 2: Dendograma de similaridade (UPGMA) de espécies de aves baseado no índice de Jaccard (95% de significância) nos três tipos de cobertura dentro e fora da Reserva Especial de Maputo. Os valores no eixo de (x) indicam índice de Jaccard e as letras abreviadas o tipo de habitat.

UPGMA

 

Coeficiente de Jaccard

 

Prad 1

 

Prad 2

 

FASV 1

 

FASV2

 

FFSV 1

 

FFSV 2

 

0.28

 

0.4

 

0.52

 

0.64

 

0.76

 

0.88

 

1

 

Figura 3: Dendograma de similaridade (UPGMA) de grupos funcionais de aves baseado no índice de Jaccard (95% de significância) nos três tipos de cobertura dentro e fora da Reserva Especial de Maputo. Os valores no eixo de (x) indicam índice de Jaccard e as letras abreviadaa o tipo de habitat

 

UPGMA

 

Coeficiente de Jaccard

 

UPGMA

 

Prad 1

 

Prad 2

 

FFSV 1

 

FFSV 2

 

FASV 1

 

FASV 2

 

0.04

 

0.2

 

0.36

 

0.52

 

0.68

 

0.84

 

1

 

Figura 4: Dendograma de similaridade (UPGMA) de famílias de aves baseado no índice de Jaccard (95% de significância) nos três tipos de cobertura dentro e fora da Reserva Especial de Maputo. Os valores no eixo de (x) indicam índice de Jaccard e as letras abreviadas o tipo de habita

Legenda: FFSV – floresta fechada sempre verde. FASV – floresta aberta sempre verde, 1-dentro e 2-fora da reserva

Tabela 2: Aninhamento e índice de dissimilaridade de comunidade de aves por tipo de habitat dentro e fora da REM e Sorensen a 95%.


Tipo de

habitat

Aninhamento

Desimilaridade (índice de Sorensen)

Espécie        G. funcionais      Famílias

Espécie

G. funcionais

Família

Pradaria1 e 2

0.35

0.5

0.5

0.4

0.2

0.28

FFV1 e 2

0.1

0.8

0.8

0.6

0.1

0.1

FASV 1 e 2

0.25

0.7

0.5

0.5

0.15

0.38

Abundância


Em cada tipo de habitat, a abundância de aves foi significativamente (p<0.05) maior dentro que fora da reserva (Tabela 3).

Tabela 3: Abundância de espécies de aves por área e tipo de cobertura dentro e fora da REM e as letras indicando a designação estatística e os números as diferenças entre os tratamentos.


Tipo de habitat

aves/ha

Pradaria1

15.4 a1

Pradaria2

6.6  a2

FFSV1

0.7  a1

FFSV2

0.3  a2

FASV1

1.9  a1

FASV2

0.5 a2

 

 

 





DISCUSSÃO

O estudo avaliou a riqueza, diversidade, abundância, similaridade e os mecanismos determinantes na composição de comunidades de aves, tendo concluído que a riqueza e a diversidade foi alta na pradaria dentro que fora da reserva ao nível de espécies e famílias, estando em concordância com a hipótese (1), que esperava alta riqueza e diversidade de espécies, grupos funcionais e famílias de aves nos três tipos de vegetação dentro que fora da reserva. Na floresta aberta sempre verde, a diversidade foi alta fora da reserva, contrariando a hipótese (1). Ao sair de dentro para fora da reserva, verificou-se baixa similaridade e aninhamento de espécies entre cada tipo de habitat, tendo resultado na perda com substituição (dessimilaridade) na pradaria, perda sem substituição de espécies e formação de subgrupos entre a FFSV e FASV, convergindo com a hipótese (2) que previa a formação de subgrupos de espécies. Ao nível dos grupos funcionais e famílias, verificou-se alta similaridade, alto aninhamento, baixa perda e baixa substituição, divergindo com a hipótese (2). A abundância de aves tanto das especialistas, assim como das generalistas foi alta em cada tipo de habitat dentro que fora da reserva, contrariando com a hipótese (3) do estudo, que esperava a ocorrência de alta abundância de aves especialistas dentro alta abundância de aves generalistas fora da reserva.

 

O estudo constatou que grande parte dos grupos funcionais de aves que ocorrem dentro (perturbação intermédia) e fora (perturbação intensa), são similares, demostrando que as áreas na periferia da reserva ainda preservam a funcionalidade ecológica e auxiliam na complementaridade dos serviços ecológicos e da biodiversidade na reserva. Apesar disso, a perda e substituição de grupos funcionais como aves carnívoras e nectívoras, apesar de ser em número reduzido, chama atenção à necessidade do reforço das estratégias de gestão de uso de terra fora da reserva, uma vez que o intenso uso dos recursos na periferia, a longo condicionará para a substituição de outros grupos funcionais e consequentemente na perda da funcionalidade ecológica.

 

Riqueza, diversidade de comunidades de aves nos tipos de habitat dentro e fora da REM

A elevada riqueza e diversidade de espécies e famílias de aves observada na pradaria dentro que fora da reserva, justifica-se pela ocorrência de elevada heterogeneidade ambiental. Barlow et al. (2007), observaram elevada riqueza e diversidade de comunidades de aves em florestas primarias comparativamente às florestas secundárias e áreas de plantações. Wilson et al. (2007), constataram que as perturbações intermédias dentro da reserva, resultam da acção dos elefantes e das queimadas descontroladas. Owen-Smith et al. (2013), apontam que as perturbações intermédias resultam na ocorrência de estratos vegetais em diferentes fases de sucessão, árvores de diferentes tamanhos, predominância de áreas fechadas, abertas e graminal, com variabilidade de recursos, favorecendo ao ganho de espécies, dada a elevada colonização e multiplicação de várias espécies de aves. Contrariamente, a baixa riqueza e diversidade de comunidades de aves registada nos tipos de habitat fora da reserva, foi influenciada pela alteração das condições do microclima impostas pela intensa exploração dos recursos naturais nestas áreas, levando com que grande número de aves se restringisse dentro da reserva.

 

Apesar do estudo não ter incluindo o regime do uso de terra na reserva, observou-se durante o estudo que algumas áreas classificadas como pradaria, floresta fechada sempre verde e floresta aberta sempre verde no mapa do uso e cobertura de terra de Marzoli (2007) fora da reserva, foram convertidas em áreas agrícolas e habitacionais.  Adicionalmente, em algumas áreas de floresta aberta sempre verde fora da reserva, verificou-se sinais de exploração de carvão e de estacas. Jacobs et al. (2010), também observou modificações na estrutura e composição da flora fora da reserva influenciada pelas actividades humanas. Barlow et al. (2007), apontam que as intensas perturbações, influenciam na disponibilidade de recursos, o que leva com que as espécies permaneçam em áreas restritas com elevada disponibilidade de recursos favoráveis para a sua alimentação. Townsend et al. (2003), enfatizam que as alterações e as mudanças das condições do microclima impostas pelas atividades humanas, resultam na redução da riqueza e diversidade de espécies nas áreas altamente perturbadas.

 

Similaridade, aninhamento e substituição de comunidade de aves entre dentro e fora da REM

A elevada diferença de espécies observada entre a pradaria dentro e fora da reserva, justifica-se pelo facto de grande número de espécies observadas dentro da reserva, sobretudo as aves frugívoras, nectívoras e carnívoras, diferirem das que ocorrem fora (subgrupos) da reserva, uma vez que não toleram à alteração das condições ambientais causadas pelas intensas actividades humanas nestas áreas. Por outro lado, a alta similaridade, alto aninhamento e a baixa substituição registada nos mesmos tipos de habitat entre dentro e fora da reserva ao nível de famílias e grupos funcionais, resulta da partilha de famílias e grupos funcionais nas duas áreas. No caso dos grupos funcionais, a alta similaridade observada entre as duas áreas, indica a existência de condições que favorece a manutenção da funcionalidade ecológica fora da reserva.

 

A teoria de redundância ecológica sustenta que num habitat com elevada riqueza de espécies, estas podem exercer mesma função ecológica (Pillar, 2017). Portanto, a perda ou extinção de espécies redundantes de distintos grupos funcionais, como foi observado fora da reserva, ecologicamente é irrelevante, uma vez que as suas funções são exercidas por outras espécies remanescentes com a mesma função na comunidade biótica e no ecossistema. A teoria de gradiente da paisagem, sustenta que a diferença de espécies observadas entre dois extremos de uso diferente de terra, resulta pelo facto das áreas menos perturbadas como dentro da reserva, serem colonizadas (ganho) por um elevado número de espécies tanto especialistas, assim como generalistas, conforma observado dentro da reserva. Casimiro (2009), indica que as áreas sob intensa actividade humana, como observado fora da reserva, são susceptíveis à perda e extinção de espécies, principalmente das aves especialistas, sendo substituídas por outras espécies tolerantes à perturbações. Embora o presente estudo não tenha avaliado o tamanaho dos fragmentos dentro e fora da reserva, González – Oreja et al. (2012), sustentam que a alteração da área do fragmento, da sua forma e das características estruturais e intrínsecas do habitat e do microclima, como observado fora da reserva, resulta na extinção selectiva de espécies sensíveis à perturbações tais como aves frugívoras, nectívoras e carnívoras, dai que tendem a se restringir em áreas menos perturbadas e com elevada disponibilidade de alimentos e óptimas condições de microclima, caso contrário migram e colonizam novas áreas.

 

Abundância de espécies de aves dentro e fora da reserva

A alta abundância de aves observada nos três tipos de cobertura dentro que fora da reserva, foi influenciado pela distribuição regular de espécies, tanto de aves generalista (granívoras, omnívoras), assim como das especialistas (frugívoras, carnívoras e nectívoras) e também pela ocorrência de elevada variabilidade estrutural dos tipos de habitat. Jama e Zeila (2005); Rajpar e Zakaria (2015), também observaram elevada abundância de aves em habitats com perturbação intermédia, pelo facto de favorecer à predominância de óptimas condições de recursos alimentares, microclima favorável, resultando na alta taxa de sobrevivência, reprodução e a coexistência de espécies especialistas e generalistas.

 


CONCLUSÃO

 

 


A riqueza e a diversidade de aves foi alta ao nível de espécies na pradaria dentro que fora da reserva. A baixa similaridade e aninhamento entre a pradaria dentro e fora da reserva, resultou na perda com substituição de espécies. A alta similaridade e aninhamento ao nível de grupos funcionais entre a pradaria, FFSV e FASV, resultou na menor formação de subgrupos e na manutenção da funcionalidade ecológica na periferia. Todavia, dada a substituição de grupos funcionais como aves carnívoras e nectívoras, o estudo sugere que se tome atenção ao aperfeiçoamento das medidas de gestão do uso de terra na periferia por forma com que estas áreas possam contribuir positivamente na manutenção da biodiversidade na reserva, uma vez que a longo prazo, a intensa exploração dos recursos na periferia, influenciará negativamente na funcionalidade ecológica na periferia e consequentemente a biodiversidade na reserva.


 


REFERÊNCIAS

Barlow, J.  T; Gardner, A. T; Araujo, I.S; Ávila-Pires, T. C; A. B. Bonaldo, A. B; Costa, J. E; M. C. Esposito, M.C; Ferreira, L. V; J. Hawes, J; Hernandez, M. I.M; Hoogmoed, M. S; Leite, R. N; Lo-Man-Hung, N. F; Malcolm, J. R; Martins, M, B; Mestre, L. A.M; R. Miranda-Santos, R; A. L. Nunes-Gutjahr, A. L; Overal, W. L; Parry, L; Peters, S. L; M. A. Ribeiro-Junior, M. A; da Silva, M. N. F; C. da Silva Motta, C; C. A. Peres, C. A. (2007). Quantifying the biodiversity value of tropical primary, secondary, and plantation forests. Proceedings of the National Academy of Sciences of United State of America. PNAS, vol. 104. 18555-18560 pp.

Baselga, A. & Orme, C. D. L. (2012). Betapart: an Rpackage for the study of beta diversity. Methods in Ecology and Evolution, 3: 808-812.

Baselga, A; Bonthoux, S; Balent, G. (2015). Temporal Beta Diversity of Bird Assemblages in Agricultural Landscapes: Land Cover Change vs. Stochastic Processes. PLoS ONE. 10: 1371.

Cam. E; Sauer, J. D; Nicholas, J. D; Hienes, E. J; Flather, C. H. (2000). Geographic Analysis of Richiness and Community Atributes of Forest Birds From Study Data in the Mid-Atlantic Integrated Assement Region. Eviromental Monitoring and Assement 63: 81-94.

Casimiro, P. C. (2009). Cenários da transformação da paisagem. Revista Portuguesa de estudos regionais. N. 20.

Casimiro, P. C. (2009). Cenários da transformação da paisagem. Revista Portuguesa de estudos regionais. N. 20.

CEPF. (2011). Sumário do Perfil de Ecossistema.

Chuma, M. (1999). Estudo da vegetação e da herbívora através da instalação de quadrículas definitivas na Reserva Especial de Maputo. Tese de Licenciatura apresentada à Faculdade de Ciências, Departamento de Biologia, Universidade Eduardo Mondlane, 81 pp.

de Boer, W.F. e D.S. Baquete. (1998). Natural Resource Use, Crop Damage and Attitudes of Rural People in the Vicinity of the Maputo Elephant Reserve, Mozambique. Environmental Conservation, 25: 208-218.

de Boer, W. F; Ntumi, C. P; Correia, A. U; Mafuca, M. (2000). Diet and Distribution of Elephant in the Maputo Elephant Reserve, Mozambique. African Journal of Ecology, 38: 199-201.

DNAC. (2009). Plano de Gestão da Reserva Especial de Maputo 2010-1014.

Fahrig, L. (2003). Effects of Habitat Fragmentation on Biodiversity. Annual Review of Ecology. Evolution, and Systematics. V. 34. 487-515.

Forman, R. T; Gordon, M. (1986). Landscape Ecology. Jhon Willey. New York, 619 pp.

Forman, R. T. (1999). Land mosaics. The ecology of landscaps and regions. 5ª edição, Cambrige University Press, Cambige, 632 pp.

Gil-Tena. A; Saura, S; Brotons, L. (2007). Effects of forest composition and structure on bird species richness in a Mediterranean context: Implications for forest ecosystem management. Sciencedirect. Forest Ecology and Management. 247: 470 - 476.

González - Oreja, J. A; De la Fuente-Díaz-Ordaz, A. A; Hernández-Santín, L; Bonache-Regidor, C; Buzo-Franco, D. (2012). Can human disturbance promote nestedness? Songbirds and noise in ur­ban parks as a case study. Landscape and Urban Planning, 104: 9 -18.

Gomes. A. S and Ferreira, S. P. (2004). Análise de Dados Ecológicos. Universidade Federal Fluminense, Niterói.

Gomide, W. R; Scolforo, J. R. S; Oliveira, A. D. M. (2006). Análise da diversidade e similaridade de fragmentos florestais nativos na bacia do rio são francisco, em minas gerais. Ciência Florestal. 2: 127-144.

Jacobs, C. T; Scholtz, C. H; Escobar, F; Davis, A. L. V. (2010). How might intensification of farming influence dung beetle diversity (Coleoptera: Scarabaeidae) in Maputo Special Reserve (Mozambique)? Springer Science. Department of Zoology & Entomology, University of Pretoria.

Jama, B. and A. Zeila (2005). Agroforestry in the drylands of eastern Africa: a call to action. ICRAF Working Paper. N°. 1. Nairobi: World Agroforestry Centre, 6 pp.

MacArthur, R. H and Wilson, E. O. (2011). Ecological Niches and Geographic Distributions. Estimating Geographic Areas and Ecological Niches. 40 pp.

Marzoli, A. (2007). Avaliação Integrada das Florestas em Moçambique (AIFM). Inventário Florestal Nacional. Departamento Nacional de Terras e Florestas (DNTF). Departamento de Inventário de Recursos Naturais.

Matos, L. M. L. (2018). Avaliação da Biodiversidade Vegetal ao Longo de um Gradiente de Medidas de Conservação: O caso da Reserva Nacional de Maputo. Tese de Licenciatura. 36 pp. Universidade Eduardo Mondlane.

Meijaard, E; Sheil, D; Nasi, R; Augeri, D; Rosenbaum, B; Iskandar, D; Setyawati, T; Lammertink, M; Rachmatika, I; Wong, A; Soehartono, T; Stanley, S. and O’Brien, T. (2005). Life after logging: Reconciling wildlife conservation and production forestry in Indonesian Borneo. Indonesia.

Ministério de Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural (2009). The National Report on Implementation of the Convention on Diversity in Mozambique, 1-95 pp.

Noss, R. F. (1990). Indicators for Monitoring Biodiversity: A Hierarchical Approach Conservation Biology. Society for Conservation Biology. 5: 67-78.

Ntumi, C. P., R. J. Aarde, N. Fairall e W. F. de Boer. (2005). Use of Space and Habitat by Elephants (Loxodonta africana) in the Maputo Elephant Reserve, Mozambique. South African Journal of Wildlife Research. 35 (2): 139–14.

Owen-Smith, N., Le Roux, E. & Macandza, V. (2013). Are relatively rare antelope narrowly selective feeders? A sable antelope and zebra comparison. Journal of Zoology, 291: 163-170.

Petren, K. (2001). Habitat and niche, concept of. Encyclopedia of Biodiversity. V 3.

Patta Pillar, V. P e Joner, F. (2017). Redundancia funcional: O excesso indispensável.

Plumptre, A., C. Dranzoa and I. Owiunji (2001). Bird communities in logged and unlogged African forests. Lessons from Uganda and beyond. In R. A. Fimbel, A. Grajal, J. G; Robinson e John, G. The cutting edge: conserving wildlife in logged tropical forest. Columbia University Press, New York, 213-238.

Ralph, C. J; Droege, S. J. R. (1995). Managing and Monitoring Birds Using Point Counts: Standards and Applications. Gen. Tech. Rep. PSW-GTR-149. Albany, C. A: Pacific Southwest Research Station, Forest Service, US. Department of Agriculture. 187 pp.

Rajpar, M. N e Zakaria, M. (2015). Bird abundance and its relationship with microclimate and habitat variables in open-area and shrub habitats in selangor, peninsular Malaysia. The Journal of Animal and Plant Sciences, 25: 114-124.

Sinclair. I, Hockey, P, Tarboton, W. (1997). Birds of South Africa. The Regins Most Comprehensive Ilustred Guid.

Sutherland, W. (2006). Ecological Census Techniques. A handbook. Second Edition. Cambridge University.

Raman, T. R. S. (2003). Assessment of census techniques for interspecific comparisons of tropical rainforest bird densities: a field evaluation in the Western Ghats, India. British Ornithologists’ Union, Ibis, 145: 9-21.

Townsend, C. R; M. Begon e J. L. Harper. (2003). Fundamentos em ecologia. Artmed, Porto Alegre.

Wilson, J. W; Aarde, R. J. V; Rensburg, B. J. V (2007). Effect of habitat fragmentation on bird communities of sand forest in Southrn Mozambique. Ostrich 78: 37-42