A presente pesquisa é motivada pela necessidade de cartografar e analisar diferentes fenómenos linguísticos que concorrem para a produção de estruturas passivas desviantes no Português Europeu por alunos moçambicanos do Ensino Secundário. Assim, procura-se analisar o conhecimento dos alunos da 11ª classe relativamente à: (i) identificação de passivas sintácticas transitivas e ditransitivas; (ii) identificação de verbos que suportam ou não as construções passivas; (iii) produção de passivas sintácticas com verbos transitivos e ditransitivos e (iv) esboçar possíveis hipóteses para explicar as diferentes variáveis que influenciam na construção de frases passivas por aprendentes do Português em contextos multilingues. A análise de dados incidiu sobre 26 textos de igual número de alunos, tendo como ênfase a realização de juízos de gramaticalidade, aplicando a categoria Tipologias de Erros baseados em Causas Hipotéticas proposta por Stroud e Gonçalves (1997). Os resultados ilustram que os alunos revelam maior facilidade na identificação e produção de passivas transitivas, mas enfrentam dificuldades na identificação e produção de passivas ditransitivas. Notou-se ainda que os alunos inqueridos desconhecem as subclasses verbais que não suportam frases passivas. Conclui-se que os erros cometidos são condicionados pela agentivização do objecto indirecto e transitivização de verbos ditransitivos. Para pesquisas futuras, importa considerar as seguintes hipóteses: (i) os alunos da 11ª classe produzem passivas ditransitivas agramaticais pelo fraco conhecimento da regência dos verbos ditransitivos e (ii) a sintaxe das línguas Bantu influencia na produção de passivas ditransitivas agramaticais no Português Europeu com enfoque para a omissão do objecto indirecto.

Palavras-chave: Passivas sintácticas. Verbos transitivos. Verbos ditransitivos.