Última alteração: 2021-08-03
Resumo
Este artigo analisa os desafios da preservação da identidade e práticas culturais das comunidades no processo do reassentamento populacional no Parque Nacional do Limpopo, comunidade de Massingir-velho. O artigo parte do pressuposto de que que a identidade e práticas culturais são bens intangíveis de elevada relevância que não são passiveis de compensação ou reposição em processos de reassentamento. Com base numa revisão de literatura e trabalho etnográfico este artigo constatou que embora o processo de reassentamento das populações de Massingir-velho tenha previsto mecanismos de redução dos impactos negativos sobre as práticas culturais das comunidades, em particular a interação entre os vivos e os mortos, na prática, este processo tem sido mais complexo do que se tinha antecipado. Pelo facto de o poder dos ancestrais estar intimamente ligado à terra de origem, aos túmulos e ao ambiente natural, o reassentamento desproveu as comunidades da protecção dos antepassados tornando as espiritualmente e materialmente vulneráveis aos desafios impostos pela intrusão do poder do capital (entidade gestora do parque) no seu ecossistema.
Palavras-chave: Reassentamento, Parque Nacional de Limpopo, identidade cultural, práticas culturais
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